Aquele velho clichê: o ano começa depois do carnaval.
Aqueles planos que fez, as intenções que colocou, os compromissos que estabeleceu.
Pronto, agora não tem mais desculpa.
E mesmo assim parece que não consegue sair do lugar. A mudança parece muito grandiosa, a transformação que você quer fazer mexe com muitas áreas da sua vida. Se fosse fácil, você já teria feito, né?
Eu sei, parece que você vai enfrentar um monstro horroroso que vai comer sua cabeça sem piedade.
E, com medo de não saber brincar, você nem desce pro play.
E aí o monstro (que você nem viu ao vivo) fica ainda mais horripilante.
Você nem chama o elevador pois se sente insegura e insuficiente. Parece que para ser bem sucedida nesse embate você precisa ser muito maior e mais poderosa do que é. E aí enfrentar esse monstro fica ainda mais impossível.
Você está perdendo a confiança de que é capaz.
O sonho com o qual você se comprometeu vai ficando mais distante. O compromisso vai diminuindo e com isso você vai se conformando com a suposta impossibilidade de viver daquela outra forma.
Você já entendeu: a inércia só piora as coisas.
Debaixo da ansiedade e da correria da vida como ela é, tem você e seu desejo de viver uma vida mais viva e bonita. Pra enfrentar esse monstro e chamar o elevador, você precisa se conectar com a potência desse desejo.
Por que mesmo isso é importante pra ti? Se o desejo genuíno não estiver firmado, não tem porque enfrentar o monstro. O que você deseja nutrir com esse sonho? Como sua vida será diferente uma vez que você estiver em conexão com essa maneira de viver?
Você chama o elevador. Dá aquele primeiro passo. Contrata alguém pra te ajudar, bota o bloco na rua, faz as primeiras contas, aciona os primeiros contatos.
E, enquanto vê os números mudarem no visor do elevador, sente o frio na barriga, a vontade de apertar o botão de emergência e saltar num andar qualquer. Você olha nos seus olhos no espelho, respira e reconhece: eu sou capaz. Você relembra da sua força, de seus talentos, suas potências e belezas. Você se olha nos olhos e acessa sua natureza mais profunda. Você é capaz.
O elevador chega no play. Você respira e sai. Não tem muita segurança de que sabe brincar, mas celebra que pelo menos teve coragem de descer.
O monstro está ali, no canto, brincando sozinho. De longe, ele parece assustador, mas a medida em que você se aproxima, percebe que ele tem um ar infantil, meio bobo até. Tudo que ele quer é atenção, mas põe essa pinta de valente e fortão pra ninguém ver o quão frágil ele é.
Compadecida, você senta e brinca com ele. Aos poucos, ele vai se revelando. Ele quer ser amado, quer segurança, não quer se sentir sozinho. Ele quer ser escutado. Quanto mais você se mostra disponível para ouvi-lo, menos assustador ele quer parecer. Você se compromete a seguir escutando-o. Você diz a ele que ele é bem vindo, que reconhece que muitas vezes ele te traz um cuidado valioso. E, com firmeza e amorosidade, deixa claro que ele não vai mais estar no comando.
Você é a liderança da sua vida. Relembre-se disso sempre que necessário.
O monstro não é tão grande assim.
Sua potência é maior do que qualquer monstro que vá encontrar no caminho.
Com ele em seu lugar, você está mais disponível para cuidar do que for necessário para seguir com força e inteireza, sem o ideal de perfeição. Você foca no possível.
Você prepara o play pro jogo, mas não arruma todos os mínimos detalhes. A brincadeira não é preparar a brincadeira. A brincadeira é brincar. Defina o jogo que quer jogar. Decida e comece, sem titubear. Não perca tanto tempo lendo as regras. Você vai cansar antes de começar.
Sim, você vai perder algumas rodadas e ganhar outras. Aprenda a lidar com a frustração. Faça dela aprendizado. Redefina o jogo. Mude sua equipe, aprenda novas habilidades.
Corra o risco de errar feio, de se fazer de ridículo, de assumir que você precisa de ajuda.
Você não precisa saber jogar pra descer pro play. Precisa chamar o elevador, estar disposta a errar, aprender com as frustrações e não se levar tão a sério. A vida é um jogo. Só pode ganhar quem descer pro play.Não é necessário saber jogar pra descer pro play.
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