Formatos, tarefas, nomes, datas e conceitos são o transbordar de um processo que começa antes da manifestação de algo. A ideia vem chegando de mansinho, num som que só os ouvidos mais atentos percebem. Sopra caminhos, fornece sensações, envia intuições, caminha em acasos. A ideia toma o corpo que transborda por uma via disponível e inunda a matéria de ação.
Silenciar é porta de entrada. O diálogo entre as tantas vozes da mente não dá conta de perceber. Há uma revolução ainda silenciosa em curso dentro. Precisamos percebê-la antes que vire caos manifesto em episódios da vida que vêm pra nos fazer ouvir.
Notar o som daquilo que quer nascer, confiar no porquê aquilo se apresentou pra mim, me fazer canal e guardiã. Escutar atentamente, fazer frente e dar passagem.
Colocar minha mente, dons e talentos a serviço, sustentar a conexão com o ponto interno que sabe. Avançar abrindo as asas pra ideia voar junto. Lá, reconhecer os outros tantos que carregam suas ideias nas asas.
O silêncio.
Forma de estar atento, mas também de se retirar da vida, de não se doar nem ofertar o que temos de melhor para o mundo: nossa voz, sabedoria, o que vivemos e aprendemos.
De quanto silêncio se forma uma vida sem vida?
O quanto não nos doamos no silêncio e esperamos que tudo esteja dito para a vida, que há de saber o que queremos e nos apresentar o caminho perfeito?
Presos no medo, na insegurança e na preguiça, silenciamos.
Pra fugir do conflito, esquecendo de que demanda uma boa dose de coragem para empreender algo no mundo. Não o conflito bélico, mas aquele que nos convida a erguer o peito e estender as asas.
Que silenciemos a partir da boa motivação. E que comuniquemos para vida quem somos, que tenhamos coragem de empreender o bom conflito. Que o silêncio venha para revelar toda beleza que já se faz dentro. Que ampliemos o olhar para sermos tomados pela visão daquilo que quer nascer.
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