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Como saber o que quero profissionalmente?

Atualizado: 28 de ago. de 2019


crédito: Luiza Tozzi


Você que acompanha meus e-mails sabe que tenho o hábito de receber questões por lá e aprofundá-las por e-mail. Recentemente recebi a seguinte questão da Vanessa: Oi oi! Adorei a ideia de prosear! Vamos tentar resumir num parágrafo...Vivo num momento em que o trabalho não me preenche. Falta realização pessoal e, com isso, falta ânimo para realizar este trabalho atual. E isso torna a situação ainda pior, pois essa falta de ânimo reflete na "não qualidade" do trabalho e na "desvontade" de conseguir mais clientes (sou autônoma).  Ou seja, o trabalho não preenche nem meu coração, nem o meu bolso! Hehehe...  Os questionamentos que eu tenho nesse processo são de:  "Largo tudo e sigo um rumo totalmente diferente?" "Sigo nesta área, mas tento mudar um pouco no setor de atuação ou em como eu mesma atuo?"  "Largo a estabilidade de um lugar já conhecido, e me jogo numa vida sem muito rumo?" "Quando é a hora de seguir a intuição?" Espero ajudar em algum insight!  Seus e-mails são inspiradores, muito obrigada por escrever e, por favor, continue!  Bjs, Vanessa


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Vanessa, agradeço muito por trazer as vozes que têm te habitado. Adoraria que você estivesse aqui comigo pra gente aprofundar e chegar ao fundo da questão. 

Como essa não é a proposta de hoje, vamos aproveitar o formato que temos para entender possíveis caminhos para suas perguntas,  que todxs escutamos em modo repeat em muitos momentos de nossas vida. 

Quero começar por sua última pergunta "Quando é a hora de seguir a intuição?", a que mais me chama a atenção, pois me traz um cheiro de que você está sentindo algo. 

A intuição é nosso canal de comunicação com a sabedoria interna, que está captando informações sutis e organizando-as em um ou mais caminhos. 

Tem dois pontos sobre a intuição que considero importantes trazer pra refinar esse canal:

1. Como saber se essa voz é da intuição ou do medo do novo? Mais uma vez, vou te convidar a ir pro seu corpo, que sabe a resposta. O corpo físico tem uma inteligência própria, que não mente como nossa mente.

Quando você se conecta com essa ideia de caminho, como seu corpo responde? Ele se contrai ou se expande?

O corpo contraído fica tenso, tem algo que o direciona para trás, fica nebuloso. É um sinal de NÃO.

O corpo expandido é mais leve, se movimenta para frente, se sente maior. É um sinal de SIM.

Eu não acredito que exista uma hora ruim de seguir a intuição. A gente comumente acredita que a intuição é sonhadora, infantil, descolada da matéria. Isso não é verdade. Na minha experiência. A intuição fala também das coisas práticas: dinheiro, tempo, segurança. 

Nossa sabedoria interna trata do campo material e imaterial, pois é, como o nome diz, sábia e reconhece que somos seres espirituais vivendo uma experiência material. Não é sábio cuidar só de somente um desses âmbitos. 

2. Intuição x desejo do ego Um ponto essencial na conexão com a sabedoria interna é: saiba diferenciar sua intuição do seu pensamento mágico, que é aquilo que seu ego gostaria que acontecesse sem você precisar pagar nenhum preço por isso. Para escutar sua intuição verdadeiramente, é importante estar abertx a ouvir qualquer resposta dela e não somente aquela que seu ego deseja. 

Às vezes sua intuição vai dizer pra seguir naquela situação nada glamourosa ou confortável. 

Ou vai dizer para sair do conforto da situação glamourosa e se lançar em algo mais árduo. 

Se abra verdadeiramente para escutar! ___ Agora que falamos sobre a intuição, vamos aos caminhos práticos que você traz: "Largo tudo e sigo um rumo totalmente diferente?" "Sigo nesta área, mas tento mudar um pouco no setor de atuação ou em como eu mesma atuo?"  "Largo a estabilidade de um lugar já conhecido, e me jogo numa vida sem muito rumo?"

As três perguntas falam sobre uma dúvida. Falamos bastante sobre como dissolver a confusão ao adentrar o espaço do não saber na news “como fazer o que gosto virar trabalho?”, de 6 de agosto. Se você não leu, vai aqui pra ter acesso. 

Indo então além do tema da confusão, que é um ponto chave, algumas práticas podem te ajudar a tomar uma decisão:

1. Separar o bebê da água do banho Antes de colocar o trabalho atual no balaio do “não serve!”, que tal saber o que exatamente sobre ele não funciona pra você? Sem ter clareza do que está ruim, corremos o risco de jogar fora o bebê junto com a água do banho.

> Faça duas listas: 

- O que eu gosto sobre o trabalho atual? (da liberdade de tempo, de escrever, de escolher com quem trabalho, de mexer com números, de estudar….)

- O que eu não gosto  sobre o trabalho atual? (da não estabilidade financeira, de escrever, de trabalhar para uma indústria que não cria o mundo que quer viver…)

Depois de ter isso definido vai ser mais possível criar estratégias que cuidem da vida.  2. Porque quero mudar, mesmo? Porque você quer transformar algo no trabalho? Porque isso é importante pra você? Tenha muito claras as razões do seu coração.  É isso que vai te dar força pra tomar as decisões necessárias.

> Escreva: porque quero mudar? 

> Escreva quais os impactos emocionais, espirituais, mentais e físicos na sua vida, na sua família e das pessoas que você ama, no mundo caso você não crie um trabalho que te anima. 

> Escreva quais os impactos emocionais, espirituais, mentais e físicos na sua vida, na sua família e das pessoas que você ama, no mundo caso você crie um trabalho que te anima.  3. Fora o trabalho… Muitas vezes a gente reclama da falta de ânimo colocando a culpa integralmente no que fazemos. E, com frequência, nossa vida como um todo não está animadora. 

A culpa nem sempre é (só) do trabalho. Responda com honestidade: nos últimos 6 meses, você tem se sentido animada fora do trabalho? Como tem sido a nutrição de ânimo fora do trabalho? 

> Escreva o que te anima na sua vida como um todo e inclua na sua rotina pelo menos uma dessas coisas diariamente.  4. Experimente! A clareza vem da experiência, não do pensamento. Por isso, teste suas hipóteses.


Qual seria esse rumo diferente? Antes de mudar radicalmente de caminho, dê um primeiro pequeno passo nessa direção, faça um experimento, um projeto-teste, um trabalho voluntário, estagie no tempo livre, pegue um trabalho freela, acompanhe por algum tempo alguém que faz o que você gostaria de fazer.

Volte a ser criança, aguce sua criatividade, explore, experimente!

E observe como você se sente. Contraída ou expandida? 5. Qual é seu tom de cinza?

Entre o trabalho que temos e não amamos e o trabalho que desejamos, há infinitos tons de cinza. Ou seja, entre o que você vive hoje e o que quer viver há um caminho a ser trilhado. Não é algo preto no branco, onde um dia você está na situação A e no dia seguinte na situação B. Há  toda uma gradação de possibilidades. Escrevo aqui algumas pra te inspirar:

- seguir fazendo o que você faz enquanto cria um projeto paralelo não remunerado e experiencia uma nova área de atuação

- negociar a redução da sua carga para ter tempo de investir no novo projeto

- fazer o que já faz como freelancer ou consultor enquanto aumenta aos poucos sua remuneração do trabalho que deseja

- abrir um projeto dentro da empresa que você trabalha no tema de seu interesse

- pedir transferência da sua área para outra área que te deixe mais vivo

Se você é autônoma (e você é, Vanessa!) é ainda mais fácil transitar por todas essas gradações e ir sentindo como você se sente nesses experimentos. Você já não está produzindo como antes, que tal usar seu tempo e sua força de criação para experimentar outras possibilidades?

A boa notícia é que você não precisa decidir nada, antes de experimentar!

Vanessa querida, essa foi minha contribuição para sua questão! Espero que tenha te apoiado e também a todxs que lêem e se identificam com suas questões.

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