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Fast-food de desenvolvimento humano



Tenho visto muitas piadas, matérias, artigos e memes criticando o coaching. Muitas delas me divertem, assumo.  Vivemos o ápice desse trabalho há um tempo e, depois da cúspide, observo uma decadência se anunciando.


O coaching se propõem a ser um processo que produz mudanças positivas e duradouras, além da conquista de grandes resultados em um curto espaço de tempo, de forma efetiva e acelerada, alcançando o potencial infinito para que o cliente conquiste tudo o que deseja.


Duradouras.

Grandes resultados.

Curto espaço de tempo.

Acelerada.

Potencial infinito.

Tudo que deseja.


Me parece que a crítica ao coaching reflete uma desilusão coletiva com essa lógica do “melhor em menos tempo”. Não é que eu não acredite no (bom) coaching! Não só acredito, como sou formada nele e utilizo algumas de suas técnicas em minhas vivências e atendimentos. Não tenho dúvida que o processo de coaching pode trazer evolução quando bem feito, e inclusive conheço e trabalho com coaches que fazem um trabalho belíssimo.


Meu ponto de atenção se lança na promessa de resultados grandiosos, de alcance do potencial infinito em pouco tempo. Estamos cansados da corrida para sermos os melhores que podemos ser. Até porque corremos e nunca chegamos lá nesse tal de potencial infinito, porque somos seres humanos e sempre haverá uma parte sombria a ser trabalhada e não é um processo “acelerado” que vai fazer a gente conquistar tudo que deseja.


O processo evolutivo é pra vida toda.


A gente fica querendo resultados milagrosos em um “curto espaço de tempo”. Como aprendi com o Pathwork, “queremos comprar uma mansão pagando preço de uma choupana.”  Bora amadurecer, gente?


Vamos nos comprometer com uma vida toda de processo evolutivo?


Intuo que essas críticas e piadas ao coaching refletem nossa exaustão de termos que ser vitoriosos, superarmos nossos padrões limitantes, vivendo nosso máximo potencial. Eu sei que eu estou cansada de tanto estímulo para viver “a vida dos sonhos”.


Quero vida real também. E nem sempre ela é tão espetacular, maravilhosa, incrível, extraordinária.


Nesses tempos acelerados, fazemos um curso de final de semana e “estamos aptos” a apoiarmos outras pessoas em processos que nós mesmos ainda resolvemos em nossas vidas. Queremos levar o outro até onde não fomos.  E aí não podemos nos aprofundar no apoio ao outro, porque vamos descobrir nosso próprio vazio.


Apoiar outra pessoa em seu processo evolutivo tem um pré-requisito essencial, me arrisco a dizer o mais essencial de todos: estar você mesmo comprometido com seu processo, indo fundo em si mesmx, principalmente nos lugares onde você se propõe a apoiar x outrx.


O maior trabalho é interno. E esse demanda tempo, auto-estudo, compromisso com fazer o que precisa ser feito em seu próprio processo evolutivo.


Mas nada disso é uma crítica absoluta ao coaching, mas sim ao que está se fazendo dele. O coaching tem seu lugar e pode trazer transformações potentes de vida. Se você sente que esse processo é para você, recomendo que você tenha atenção em alguns pontos antes de contratar um coach:


> O que te leva a procurar um coach? Você tem um objetivo claro a ser atingido? Ótimo! Se o desafio que você está vivendo vem se repetindo por muito tempo ou se reconhece traumas, distúrbios ou transtornos, recomendo que você busque um processo terapêutico continuado.


> Estude quem é o coach que você quer contratar, converse com pessoas que passaram por processos com elx. É possível se entitular coach depois de um final de semana de curso. Muitas vezes, a formação em coaching é uma resposta a algo que o próprio coach mesmo não conseguiu encontrar. “Não encontrei um trabalho no qual eu me sinta realizadx então vou ajudar outras pessoas a encontrarem esse trabalho.” O coaching está sendo banalizado e praticado com pessoas com muito pouca experiência de vida e quase nenhuma bagagem de auto-investigação.


> Confie menos no marketing e mais nas ações. Hoje em dia é muito fácil parecer um profissional de desenvolvimento pessoal maravilhoso sendo na verdade um super marketeiro. (Nada contra o marketing! Só acho importante que ele fale a verdade.)

Se eu sou coach? Não. Incluo o coaching no meu trabalho, mas não me identifico integralmente com o que significa ser coach. Eu apoio pessoas a ampliarem suas conexões com uma vida e um trabalho que faça sentido e uso o coaching, a facilitação, a meditação, os aprendizados com Leitura de Aura, as investigações com a Comunicação Não-Violenta e a desescolarização, além dos aprendizados como empreendedora social.


Mas, mais importante do que isso, eu tenho um principal compromisso na minha vida: o da minha evolução. Meus dias, relações, escolhas e movimentos são todos dedicados a isso.

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