Pressa e pressão pra saber.
Me descolei da potência do vazio, me afastei do paradoxo.
Na ansiedade de quem se sente afogada em não-formas, me apressei pra encontrar uma margem segura, me agarrei na pseudo-segurança que mora nas respostas.
Colei na primeira margem disponível, vi passar de longe o fluxo do rio.
Margem disponível e inapropriada para o que pedia pra nascer.
Afoguei a emergência em margens inférteis.
A mente queria se agarrar rápido em algo conhecido. O corpo me balbuciava ter segurança suficiente pra seguir na água. Sou água.
É necessário coragem e sensibilidade para reconhecer movimento sutil na pergunta, sem correr estabanada pra resposta.
Ter sabedoria de colher, de deixar emergir o que me cabe agora, para além do desejo de garantia, da identificação fixada com o que fiz e fui, dos padrões automatizados e dos fazeres que infertilizam as sementes do não-fazer.
Ampliar repertório de respostas possíveis. De eus possíveis.
Foi naquela noite de lua laranja despontando no que já foi pasto que saí da confusão e assumi o risco do não saber. Foi libertador.
Dei um passo e o mundo todo saiu do lugar. Foi saboroso.
Me reorganizo em caos confiante, em ordem permeável, escutando os gritos e grilos do que vem a ser. Experimento observar e absorver o caminho das palavras depois que saem da boca.
Envolta por canto de cigarra, li o livro da natureza.
Com o que aprendi, deixo a vida se apresentar e me movo em direção ao chamado que ela faz, coletando o que já é, em eterno se fazer.
(texto escrito em jorrar de movimentos emergentes durante a Experiência Schumacher Brasil 2019)
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