Por essa fenda, jorrei sangue vivo por 20 anos antes de jorrar ser humano. O mistério ia se revelando suavemente a cada lua, junto com o plantio vermelho das histórias do último ciclo.
Quando, junto com sangue e memórias, saiu ser humano, o mistério se escancarou.
Escrevo pra reviver e corporificar aqueles agoras dos dias 8, 9, 10 e 11 de março, quando minha fenda me deu o presente intenso e imenso de sair do invisível e vir dançar aqui fora.
A caverna mágica se abriu e revelou seus tesouros viscerais.
Uma viagem psicodélica, um coquetel divino de ocitocina, endorfina, prostaglandina e melatonina (recomendo a onda!!!). O ápice? Minha bebê nos braços.
O que vivi nessa grande onda parece fora do real. Ampliou-se um tanto em mim, alonguei-me a novos e indescritíveis lugares, conheci espaços não navegados, beijei a Morte na boca, me recarreguei no colo de Deus, olhei fundo nos olhos-espelhos da Deusa.
Quem sou depois disso?
Como elaborar esse estirão da realidade enquanto sou mesa, cama, banho e coração de um outro ser? Tudo mudou tão drasticamente.
Tô aprendendo a gostar das madrugadas.
Enquanto nutro, imagino as milhões de nutrizes ofertando peito e sono ao redor do mundo e, no escuro de silêncio e solidão, vou elocubrando, me refazendo, tateando as fendas de uma nova eu.
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