Não era pra ser assim.
Não era pra estarmos tão cansadas.
Não era pra estarmos à mercê financeira.
Não era pra duvidarmos de nosso valor por estarmos sendo “só” mães.
Não era pra estarmos em guerra com nossas barrigas flácidas e seios murchos.
Não era pra estarmos com pressa de voltar ao “trabalho”.
Não era pra não termos tempo de lavar o cabelo.
Não era pra nos sentimos sozinhas.
Não era pra estarmos invisíveis.
Não era pra nos trazerem soluções “fáceis” - chupeta, treinamento de sono, babá, creche, desmame precoce - que podem sim ajudar, mas por vezes estão aí pra silenciar o real problema: as mães estão descuidadas. E quem não recebe cuidado não consegue cuidar.
O buraco é mais embaixo.
Precisamos ter coragem de encarar os buracos fundos como as vaginas.
É sobre o desenho de mundo que vivemos. É sobre as prioridades que temos. É sobre política, no sentido mais radical e estrutural da palavra. É sobre construirmos uma forma de vida que cuida da vida.
As mães, maiores cuidadoras da vida que chega, estão descuidadas, assim como os agricultores e educadores.
Desenhemos uma forma de vida que cuide das mães e vejamos o que acontece quando seres humanos recebem presença de qualidade ao nascerem. Isso sim seria revolucionário.
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